Perdi minha carteira no ônibus, devolveram... E eu fiquei muito triste!
Toda semana, para ver minha amada, que mora no interior, eu tomo um ônibus. A minha mochila sempre vai bastante cheia. A primeira razão é porque são 4 horas e a paisagem é bem bucólica, então levo Tablet, livros e power-bank, para me manter entretido. Outro ponto é que, como eu vou passar o fim de semana lá e preciso estar bonitinho para minha amada, tem um conjunto de roupas, perfume, balm pra barba e outros utensílios. No final, a mochila fica grávida de tão estufada.
Junte tudo isso com o fato de que eu sou bastante desorganizado e temos todos os requisitos para as pequenos esquecimentos semanais. Dessa vez, em específico, eu não estava achando duas coisas: a minha carteira e um livro - "No Degrau do Ouro", da Tatiana Tosltaia. " Droga. É um incômodo, mas, de tão comum, eu me adaptei: colei com fita adesiva dentro na minha carteira o meu número de celular e, se for o caso de eu perder a carteira JUNTO com o celular (possível, provável), também o do telefone fixo.
Então, basta encontrar uma alma boa e devo ter minha carteira de volta. Deu certo! Alguns minutos depois de eu chegar em casa, um rapaz me ligou. Sim, sou eu, Bruno. Claro, claro. Vai deixar no guichê da empresa de ônibus? O livro e a carteira? Isso. Legal, ótimo, pego amanhã. Obrigado! Felicidade.
No dia seguinte, no guichê, me identifiquei e, sem problemas, me devolveram a carteira. Mas só ela. Senhor, também tinha um livro, não devolveram? Não, só isso. Ora, o cara, tal de Sandro, abriu minha carteira, viu duas garoupas, dois cartões de crédito e um mentos e optou por devolver tudo perfeito... Mas, ao mesmo tempo, entre me ligar e deixar meus pertences lá, vacilou moral ou literariamente e pegou meu livrinho!
Ele tomou como a recompensa por ter encontrado minhas coisas?. Ou só era alguém que gostava mais de literatura russa do que dinheiro e, de frente com uma capa da Editora 34, cedeu? Não sei e não sei julgá-lo, porque também prefiro os russos do que os reais. Acho até que, na posição dele, confesso, faria igual, a depender do livro e da capa, viu. Se é para roubar um, é mais honroso pegar o dinheiro e não tocar no livro ou preservar as notas de cem e os cartões, mas me deixar sem a Tatiana? Preferia ter ficado sem a carteira, independente de qualquer filosofia moral.
Estou confuso. Fiquei magoado. Achei que o mundo era pior.